Todos os anos nos despedimos do sedentarismo, do tabaco e dos doces ao ritmo das doze badaladas! E, salvo exceções, todos os anos ficamos na mesma ou acrescentamos um número à roupa ou um furo no cinto ou um quilo à balança!…

O que torna tão difícil assumirmos comportamentos que nos fazem bem? Porque parece impossível começar e manter uma alimentação equilibrada? Será que a Motivação depende só de Motivos e de Ação? Por onde começar então?!

Experimentemos por aqui:

A Motivação é um chapéu gigante onde cabem atualmente mais de 80 teorias e um mar de conceitos. Alimenta-se, alimenta a Vida de cada um, e permite transitar entre COMO ESTOU e O QUE QUERO.  É como um carro que, para chegar ao destino (O QUE QUERO), precisa de combustível (O QUE POSSO) para percorrer os quilómetros (O QUE FAÇO). Vejamos:

1. O QUE QUERO ou o MOTIVO-MOTOR: é a representação mental de algo que pretendo ou que preciso, ao qual associo prazer por antecipação e satisfação.

O motivo-motor não se mede nem se pesa, por isso é subjetivo, individual e até temporal. Porém, acontece com frequência confundirmos o Motivo com o Objetivo: “Preciso de fazer dieta”, quando na realidade existe algo de bom associado ao meu peso com menos 5 kg de gordura! Esse algo é o seu motivo-motor! Ou “preciso de ir treinar”, não é (só) porque devo queimar 400kcal, mas porque existe algo de positivo associado à experiência pós-treino que é gratificante para mim. O que torna uma ida ao ginásio verdadeiramente importante?

2. O QUE POSSO ou RECURSO-COMBUSTÍVEL: a investigação fala de outros dois fatores que são determinantes na mudança comportamental, para além da Motivação. São eles: a Perceção de Capacidade e a Identificação da Oportunidade. Os três juntos atuam enquanto sistema como uma mistura de combustíveis que deve ser identificada antes de se pôr à estrada. São eles:

• a capacidade, que se revela quando reconheço em mim o poder para assumir determinado comportamento: “sinto-me capaz de deixar de fumar”. A capacidade está relacionada com mecanismos internos relativamente complexos como a persistência, a resiliência, a determinação, a confiança, o otimismo e outras forças de caráter.

• a oportunidade, quando se reúnem condições certas e fatores que não dependem exclusivamente de si. Quando sinto que “este é o momento certo para avançar”, porque o orçamento familiar permite a compra de um par de ténis para o jogging, ou o horário de trabalho é compatível com refeições regulares, ou porque há um jardim requalificado perto de casa que permite um treino ao ar livre em família, ou porque passaram a existir alternativas saudáveis no refeitório, ou ainda porque me ofereceram um livro de receitas ao qual quero adaptar ao meu quotidiano…

Acontece que não despendemos muito tempo a pensar nestes combustíveis, mas são o determinante na concretização de objetivos e na manutenção dos bons comportamentos de saúde. Permitem ganhar e manter os níveis de confiança na viagem, permitem resistir aos imprevistos e, se não forem identificados, pensados e valorizados vais ficar apeado a meio do caminho sem plano B.

3. O QUE FAÇO ou AÇÃO: o meio necessário para alcançar o fim e é por onde temos tendência para começar. Reduzir em 50% a ingestão de hidratos de carbono no próximo mês, ou queimar 400kcal a cada treino são objetivos mensuráveis que contribuem para o que QUERO. São O QUE FAÇO para alcançar o meu MOTIVO-MOTOR (caber no vestido de casamento, ou conseguir dar cambalhotas com os meus filhos no parque). Concretizar estes objetivos constitui a AÇÃO em si e representam marcos, a sinalização da autoestrada que confirma que estás no caminho certo para um determinado destino.
Se decidiste que “Agora é que vai ser qualquer coisa”, identificaste um momento para determinada ação.

Parabéns! Reuniste parte do que é essencial para uma mudança. Pega em papel e caneta e decompõe ao pormenor:

O QUE QUERO + O QUE POSSO + O QUE FAÇO.

Esta é uma forma de mudar um hábito, evitar um impulso, de transformar as tuas intenções em concretizações conscientes, ponderadas e antecipadas.

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