Na literatura “Saúde”, “Bem+Estar” e “Wellness” são utilizados de forma inconsistente, a própria Organização Mundial de Saúde tem diferentes conotações para estes conceitos. Alguns autores utilizam o termo saúde e wellness enquanto similares e, em função do contexto, até intercambiáveis. Outros referem-se á saúde como condição biomédica e ao wellness como condição emocional.
De facto, a literatura não separa objetivamente estes construtos. Aplica-os sim coletivamente a diversos aspetos do desenvolvimento humano, à prática e à experiência sob uma perspetiva interna e externa ao indivíduo.
O conceito de wellness é mal-entendido, confundido e muitas vezes reduzido a intenções fragmentadas por parte da maior dos profissionais que promovem saúde! Uma busca rápida no Google com os termos “Wellness Europe” remete automaticamente para resorts e spa’s, turismo de luxo e hidroterapia! De serviços a produtos, parece que qualquer coisa que promova ou induza bem+estar pode levar o selo “Wellness”! Das massagens às velas aromáticas, passando pelos resorts de luxo e pelos suplementos alimentares, sem esquecer os produtos de beleza e a quiropraxia! Repleto de redundâncias do género “Wellness Holístico” ou ainda “Destino Wellness”, é neste cocktail, entre a promoção da saúde, beleza, prazer e status, que o wellness se dissipa e se afasta dos princípios e propósitos originalmente definidos.
A tentativa é portanto de, mais do que distinguir, elucidar sobre a emergência deste (novo) construto.
O Wellness extrapola o corpo físico e aloja em si o indivíduo global, sendo as áreas anteriormente descritas apenas algumas das dimensões que o compõem.
Arloski (2007) afirma numa perspectiva histórica que os trabalhos de humanistas como Maslow (Teoria da motivação humana), Perls, Rogers (Tendência Actualizante) e Satir iniciaram o que se perspectivava como o conceito de Wellness, no pós-2ª Guerra Mundial.
Em 1961, o médico Halbert L Dunn, na sua publicação “High Level Wellness”, resultado de palestras semanais que dava numa paróquia de Washington nos anos 50, define como sendo: “Um estilo de vida em busca de elevados níveis de bem-estar físico e psicológico. É um comprometimento para a mestria pessoal, uma filosofia multidimensional, que implica áreas como a auto-responsabilidade, saúde física, nutrição, humor, lazer, espiritualidade e consciência ambiental.”
Nos anos 70, com a 2ª Revolução da Saúde, verifica-se o aumento de evidências e consciência de que a forma como vivemos a nossa vida é determinante na nossa Saúde, Felicidade e Bem-Estar. Segundo Pais Ribeiro (1998) os aspectos mais radicais desta revolução são:
a) Centrar-se na saúde e não nas doenças,
b) Preconizar o retorno a uma perspectiva ecológica,
c) Acentuar a responsabilidade individual,
d) Diminuir a importância dos serviços de saúde tradicionais.
Um novo conceito de saúde exige novas práticas de serviços e destas correntes nasce a abordagem “mind-body”, tornando-se cada vez mais claro que mente, corpo, espírito e ambiente são todos considerados na equação de quem pretende melhorar a sua qualidade de vida.
Em 1977, Donald Ardell publica “High Level Wellness – An alternative to Doctors, drugs and Disease”, e afirma em 2000 que: “o assumir a responsabilidade pela sua qualidade de vida (…) começa por uma decisão consciente em moldar um estilo de vida saudável. É uma postura, uma predisposição para adoptar uma série de princípios chave em diversas dimensões de vida, que levem a melhores estados de bem-estar e satisfação.”
Em 2004, na 29ª Conferência Anual do National Wellness Institute dirigida pelo médico Bill Hettler, é apresentada a seguinte definição: “processo activo pelo qual as pessoas tomam consciência de, e fazem escolhas no sentido de uma melhor existência”.
Entendamos o Wellness como um conceito de progresso em si mesmo, não com o ser-se perfeito. Progresso no sentido da realização pessoal, de uma jornada de crescimento e desenvolvimento, dasatisfação plena independentemente da sua condição.
Um desafio em tornar-se o consumidor-patrão da sua saúde enquanto recurso para a vida, e bem-estar enquanto causa. E que desafio este!Já descobriu o que o levaria a mudar de estilo de vida? Pois é! Antes de mais, pare…Pare mesmo e pense…O que faz a sua vida valer a pena?
Ler mais : Um estilo de vida positivo é uma DIETA ; Show me Wellness ; A História num instante
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARLOSKI, M. (2007) – Wellness Coaching for lifestyle change. Whole Person Associates, Minnesota
PAIS RIBEIRO, J. (1998). Psicologia e Saúde. ISPA, Lisboa